Não tem como falar da revolução da comida no Brasil sem citar um dos programas culinários de maior
audiência do país, o Masterchef. Desde 2014, o programa acumula 11 temporadas com diversas versões.
O reality show de culinária alterou a percepção da comida como entretenimento no cenário atual brasileiro,
acumulando a impressionante marca de 34 milhões de fãs engajados em assistir comida e fazer comida.
Marisa Mestiço, diretora geral do programa, contou ao longo da sua palestra que as pessoas são mais
impactadas com informações audiovisuais. 85% das audiências de qualquer produto são mais atingidas
quando a comunicação do produto é feita por imagem ou som.
Essa escolha do entretenimento através da comida na TV não é algo recente. Isso é uma aposta do
mercado desde o final dos anos 90, onde começaram a surgir programas culinários na TV. Começou
com receitas de minuto, em panela única e hoje são entregues grandes experiências gastronômicas
através das competições culinárias. E esta mudança de pensamento sobre a comida que ocorreu
neste ciclo entre o rompimento da geração Millennial para a geração Z se deu através dos facilitadores
de comida. As comidas industrializadas ganharam novos espaços e também deixaram de ser ‘protagonistas’
da alimentação da população brasileira. Os programas culinários incentivaram as pessoas a irem para cozinha.
Para a diretora geral do Masterchef, o projeto do programa chegou com uma proposta semelhante as
edições espalhadas ao redor do mundo, mas a equipe não tinha noção do poder do produto Masterchef.
Em 2017, o programa foi, por 12 semanas, o programa de TV mais comentado do mundo no Twitter.
Todo esse sucesso é o resultado da estruturação de uma equipe multidisciplinar, com consultoria gastronômica
presente desde a primeira temporada do reality. A equipe precisou conhecer o produto e por isso decidiu que era necessário estudar culinária. “Não se pode falar de alimento, não se pode comunicar nada sobre o nicho se você
não tem um estudo sobre ele”. Essa necessidade de conhecer o campo de atuação ultrapassa o conhecimento da audiência, mas também funciona como um termômetro de tendências e alcance do engajamento.
Para conseguir executar o programa e alcançar os resultados necessários, a equipe do Masterchef traça um
paralelo entre TV e negócio, definindo diretrizes de pesquisa, consultoria e teste de informações e produtos.
“A minha equipe vai atrás do pequeno agricultor” para entender o que está em evidência na mesa das pessoas.
Marisa classifica que as tendências e o engajamento do programa acontecem por conta da aproximação
com a realidade do consumidor.
O Masterchef é uma vitrine de produtos e tendências. Ele leva o que tem de inovador no mercado alimentício
e traduz isso em uma linguagem simples para todo o seu público. Populariza produtos, tendências e métodos de
preparo de comida. Por conta dessa credibilidade, o programa também emergiu a necessidade das pessoas em
cozinharem bem e levarem isso para seus cotidianos como um discurso político.
Alimentar-se bem se tornou uma bandeira dos fãs do programa. Mesmo com amplitudes
diversas, a ‘gourmetização’ dos alimentos perdeu força e deu espaço para a importância
do comer bem, de forma saudável e que ofereça experiências satisfatórias para o
consumidor.