O futuro da comida instiga as pessoas a pensarem nas formas em como a
alimentação será estruturada para daqui alguns anos, entretanto, o que mais a assustam
são as possibilidades dessa alimentação na era digital, com altas tecnologias em
desenvolvimento e, principalmente, adequações para o cotidiano de cada um.
Para Cynthia Antonaccio, CEO da Equilibrium Latam, entender a identidade dos
consumidores, suas motivações, emoções e pensamentos sobre a comida resulta
em uma compreensão disruptiva voltada a inovações valiosas para o mercado.
O principal pilar pelo qual as pessoas comem é o sabor. E o sabor está muito ligado
a seguinte indagação: “quais são as minhas memórias afetivas?” A experiência de comer
está relacionada as nossas emoções, valores e tantos outros motivos biopsicossocioculturais
que estão presentes no dia a dia das pessoas. E isso precisa ser reconhecido pelos
nutricionistas, porque o sentido de qualidade de vida das pessoas é singular, cada um
tem uma visão diferente sobre o que é qualidade de vida e todas essas opiniões coexistem
em um espaço múltiplo, no qual insistimos de chamar de Planeta Terra.
Cynthia ressaltou que a tecnologia tem um alto impacto sobre as novas escolhas
alimentares das pessoas. A experiência hoje pode ser vivenciada de formas variadas,
como pelo consumo de plant-based. Mas, mesmo assim, ninguém muda a forma de comer
só porque entende que aquele tipo de alimento é mais saudável. A troca dessa alimentação
precisa estar atrelada a um significado. Enquanto esse ‘novo comer’ não estiver associado
a um sentimento, a mudança não será efetiva e assim não irá gerar os impactos necessários
na rotina dos indivíduos.
De acordo com o relatório QTrends 2020, desenvolvido pela Equilibrium Latam,
o ser humano está no centro dessas interconexões, no qual ele precisa lidar com a
tecnologia, com a comida e com o contexto ao seu redor. E com todas as questões
emergentes atualmente, é válido afirmar que, nesta conjuntura, “não é só comida, não é
só nutrição, é cuidado com o planeta”. Incorporada à mandala, é fundamental pensar em
inovações e tendências que estão imersas ao mercado brasileiro, como o Chef to shelf,
tendência que emergiu nos Estados Unidos após o período de crise, em 2008 e agora está
ganhando força no Brasil, levando a qualidade dos grandes chefes de cozinha para as
cozinhas comuns.
Além dessa demanda de comer melhor dentro das nossas próprias casas, também
surge a preocupação com a procedência dos produtos que colocamos à mesa. Essa
inquietação com o ecossistema é recorrente e cada vez mais presente, pois é
indispensável pensar em alternativas para o plantio de alimentos.
E toda essa percepção também invade as biozonas de marcas, onde “trazer o
carimbo de uma determinada região”, cria identidade para o produto e incorpora valor e
afinidade com o seu consumidor. Fora que as empresas precisam desenvolver
comunicações efetivas com seus públicos, estabelecendo foco e direcionamento no seu
contato.
Percepções como Biohacking, E-shopping e alimentos que pensam entram também
nessa pauta apresentada na mandala Qtrends 2020. Os processos estão mais
automatizados e as gerações do presente e do futuro já integram outras lógicas de
acompanhamento e compreensão sobre o que é o alimento que consome.
Outra tendência emergente é a clareza dos ritmos remixados, a geração Z é uma
geração híbrida, capaz de conciliar momentos em sua rotina de forma simples. Para ela,
não existe ‘o momento certo’ para fazer as coisas, o imediatismo e a vontade contam
muito mais.
“É fundamental entender essa novidade por comida como necessidade e anseios
desse individuo também. Ele quer nutriente? Claro que quer! Ele merece toda a questão,
mas isso também passa também por revolução”. Cynthia termina reforçando a
importância das marcas aprofundarem seus modos de trabalhar essa revolução, que “cada
empresa, pequena ou gigante é feita de pessoas. Pessoas que comem, se relacionam com
com comida e com o contexto”. E que elas podem ser a mudança que querem ver no
mundo!
Confira o depoimento da Cynthia Antonaccio no BHB FOOD 2019: