Já sabemos que o modelo de negócios das startups chegou para ficar, simplificar e mudar a economia. Para entender melhor como elas funcionam, vale revisar o conceito dos 6Ds da tecnologia exponencial, criado por Peter Diamandis, um dos fundadores da Singularity University, local que conheci durante a minha imersão no Vale do Silício.
Confira uma descrição resumida dos 6Ds disruptivos da tecnologia e sua relação com a área de alimentos. E convido você a deixar sua opinião e compartilhar alguns exemplos.
1) Digitalização: Nessa nova era, tudo começa ou se transforma com a tecnologia. Cada vez mais as pessoas estão trocando as visitas ao supermercado pelas compras on-line, embalagens sinalizam a qualidade e rastreiam o produto. E qual o futuro das impressoras de alimentos? Processaremos alimentos em casa?
2) Decepção: Entenda como sinônimo de calma. Peter enfatiza que muitas inovações não têm sucesso no início e nem sempre seguem uma curva exponencial. O crescimento pode ser tímido no começo, mas tende a acelerar. O absurdo de hoje é o vencedor de amanhã.
Me lembro que a aposta no seguimento saúde, bem-estar e transparência teve origem acanhada, com as startups direcionadas aos consumidores “early adopters”. Era o chamado mercado de nicho. Hoje acompanho uma verdadeira expansão. Grandes empresas adquirindo marcas disruptivas e se arriscando mais em seus lançamentos.
Alguns exemplos são a aveia orgânica da Nestlé, a aquisição da Mãe Terra pela Unilever e a compra da Verde Campo pela Coca-Cola. E o que dizer sobre a recente campanha do ketchup Heinz? Pois é! Eis o caminho para o terceiro D de Peter.
3) Disrupção: É quando a inovação chega num ponto de mudar nossa forma de consumir um produto e nossos hábitos. Ela transforma complemente o cenário.
É o caso do Táxi X Uber. DVD X Netflix. São apenas dois exemplos, mas há tantos outros. Tente agora imaginar como vai ser a comida no futuro!
4) Desmaterialização: A substituição de algumas soluções antigas que passaram a não existir em sua versão física.
O celular é o maior exemplo. Soterrou o GPS, a calculadora, o videogame, o rádio e a câmera fotográfica.
Mas e sobre o alimento? Será que de fato precisaremos do boi para comer hambúrguer? Segundo o expert israelita Michal Neeman, CEO da Lumeega – empresa que promove a indústria food-tech – as áreas dominantes são: as de agro-tech, as de substitutos de proteína e as de frutas e vegetais para uso em alimentos processados.
5) Desmonetização: O início da disrupção tende a ser mais caro, mas, com o passar do tempo, o produto acaba ficando mais acessível.
Compare os preços de Skype e Whatsapp X o da telefonia tradicional para ligações a distância.
Agora vamos nos voltar para a área alimentícia. Hoje os produtos focados em estilo de vida saudável, práticos e transparentes são considerados “uma fortuna” aqui no Brasil. Mas no futuro isso vai mudar. O preço tende a ser equivalente aos itens de massa.
6) Democratização: Por fim, o último D destaca que a tecnologia permitirá o acesso dos produtos a um maior número de pessoas.
A partir destes 6 Ds, deixo a seguinte reflexão: sua empresa ou produto estão preparados para essa nova economia? Existe alguma aproximação com as startups e seus modelos de negócios? Há times que de fato estão olhando para essa realidade?
Se não há, é bom começar, pois só assim seu produto conseguirá sobreviver à próxima disrupção!
E se você é empreendedor, sua startup já está em linha com tudo isso ou nasce obsoleta?
É fato que nossa forma de comprar, comer e nos relacionarmos no cotidiano está mudando muito rápido.
Isso nós sabemos e vivemos em nossa rotina.
E é por esse motivo que sabemos do interesse de nos aproximarmos das startups, nos relacionarmos com elas ou mesmo comprá-las.
Como é possível que empresas tão pequenas e idealistas estejam mudando o modus operandis no mundo todo?
Acredite: se elas podem, você também pode.
Vamos mudar este jogo juntos!
Estou com a FISA num projeto que pode colaborar nisso. Fique atento que, em breve, lançaremos para vocês.
Por Cynthia Antonaccio para Food Ingredients South America
Sócia diretora da Equilibrium