Antes de tudo, você já parou para pensar em como a nutrição, saúde e bem-estar podem estar atrelados ao seu processo de inovação para o crescimento?
A avalanche de relatórios desde começo de ano é enfática com a tríade “nutrição, saúde e bem-estar” como tendência crescente e consolidada na era Covid e pós pandêmica.
A tríade, foco no nosso relatório anual QTrends, é um atributo marcante a partir da demanda crescente por saúde mental e intestinal, imunidade, pela busca alimentos plant based e com rótulos limpos, além da necessidade de conforto emocional. No entanto, “nutrição, saúde e bem estar” também marcam presença no desejo do consumidor. Este que tem priorizado preço e conveniência, conforme aponta dados do relatório Food & Drinks 2021, da Mintel.
Se na sua empresa ainda paira uma dúvida de embarcar nessa estratégia, que tal checarmos alguns números.:
- A projeção do mercado de orgânicos no Brasil é alcançar, em 2025, $ 4.4 bilhões.
- De acordo com pesquisa da ADM ™ realizada pelo IBOPE DTM, em julho de 2020, 52% dos brasileiros buscam conscientemente consumir alimentos/bebidas à base de vegetais (denominandos flextarianos).
- Espera-se que o mercado de suplementos para a imunidade cresça, globalmente, acima de 9% no período 2019–2025. (Market Research, 2019)
- 41 % dos brasileiros que compram carne gostariam de saber de onde ela vem. (Mintel, Global Food 2030).
- Pesquisa BHB Food e Decode BTG Pactual com big data trouxe:
- O Brasil como terceiro país do mundo com mais buscas na internet por termos relacionados ao CLEAN LABEL.
- Um crescente interesse por temas relacionados à dieta plant based no Brasil:
- Aumentou 456% o interesse no Youtube, nos últimos 7 anos;
- Termo vegetarianismo cresceu 941% nos últimos 8 anos; mais expressivo de 2015 até dias atuais;
- Menções e comentários negativos em relação a dieta vegetariana foram de 72% em 2010 para 47% em 2020.
Esses números mostram a consolidação de um consumidor que já buscava saúde por valores pessoais, o LYFESTYLE. E que adota as tendências de forma rápida, algumas vezes até abrindo mão do sabor e do preço. No entanto, nos leva a refletir sobre um novo perfil de consumidor, a quem chamamos, na Equilibrium Latam, de “MASSA PRECOCE “. Tal qual, passa a tornar mais interessante o investimento em produtos saudáveis.
E é justamente aÍ que está um ponto crucial na sua estratégia de inovação. Entender de qual consumidor e subgrupos de consumidores estamos falando. Entender qual comportamento tem em relação à sua marca, categoria, ingrediente e o que esperam.
Essa massa precoce despertou, na pandemia, para a importância de alimentos que entreguem funcionalidades, como:
- imunidade – palavra que aumentou em busca 300% no google, em 2019 – por meio de atributos mais simples como vitaminas.
- “segurança e qualidade” – motivo pelo qual a busca por produtos embalados crescem mesmo quando a busca por “fresco, artesanal e natural” é um desejo.
- “produzido localmente” – além do favorecimento da economia local, aquilo que é produzido perto do consumidor é mais fresco, e tudo que é fresco é percebido como mais natural e saudável.
Para consumidores lyfestyle, que já correspondem ¼ dos brasileiros, segundo pesquisas de diferentes marcas, os atributos de “nutrição, saúde e bem estar” são mais sofisticados. Dessa forma, passam a adotar definições mais amplas para a saúde e nutrição. Envolve emoções, tecnologia, personalização e sustentabilidade.
O significado mental e emocional
Segundo previsões da Mintel Food & Drinks 2021, os alimentos e bebidas de algumas empresas produtoras de alimentos (e eu acrescento, suplementos) irão ajudar os consumidores a aprender como uma dieta pode impactar sua saúde mental e emocional. Em suma, isto levará algumas marcas a um novo interesse em abordagens baseadas em psicologia relacionadas e na neurociência relacionadas ao comer saudável.
Opa! Previsões? Como sempre digo, o futuro se constrói hoje. Há 7 anos, criei com um grupo de nutricionistas experts em mudança de comportamento alimentar, o Instituto Nutrição Comportamental, aqui no Brasil, para disseminar a ciência de que qualquer mudança para uma atitude alimentar mais saudável passa pelos sentimentos e pensamentos dos indivíduos. Assim, o que comemos depende de entendimentos do porquê e do como comemos.
Os consumidores irão esperar que as marcas os ajudem a cuidar de suas emoções e saúde mental. Conceitos trazidos em meu livro “Mindful Eating – Comer com Atenção Plena – Ed. Abril ” e o comer intuitivo – ambos fomentados pela Nutrição Comportamental, são apontados pela Mintel como necessários e complementares à funcionalidade. Como resultado desta era de necessidade de maior conforto emocional, alívio de estresse, foco e atenção. Agora, a dieta passa a ter conceitos menos rígidos sobre o comer, considerando emoções, sensações, prazer, conforto e lembranças.
Portanto, sabe aquele chocolate 60% cacau, com propriedade funcional? Ele pode ir mais adiante e ajudar o consumidor, ao trazer tutoriais que auxiliam na meditação – prática cientificamente comprovada na redução do estresse e da dor. Além disso, podem ainda ter mais ousadia e proporcionar rituais holísticos. Bem como já faz a marca americana, Vosges, que oferece os 5 rituais de seus chocolates com cristais e ervas para prosperidade, alegria, etc.
A tecnologia como ferramenta de saúde e personalização da nutrição.
Atualmente, se as pulseiras conectadas com o celular já são fonte de monitoramento da saúde, os adesivos no corpo, os testes de DNA e microbiome, do biohacking, às panelas conectadas ao e-commerce e devices, entre outras inovações hitech, fornecerão ainda mais informações para ajudar o indivíduo na sua escolha alimentar saudável.
Por mais que pareçam paradoxais, tanto o mindful eating quanto a tecnologia (usada com critério), estes trarão ao consumidor um maior conhecimento de suas emoções e também das necessidades de seu corpo. De acordo com a Mintel, terão sucesso os produtos com ingredientes em doses e formulações que se mostrarem eficazes no relaxamento, foco, alívio do estrese, energia e demais questões de saúde mental. Acima de tudo, quando aliadas a endossos da ciência e novas ocasiões de consumo.
Essa tendência já está presente na categoria de bebidas alcoólicas, que promovem um consumo mais consciente, recomendam redução do álcool e investem em bebidas com cannabis. Contudo, temos também os snacks, ora calmantes com indicação de consumo noturno, que vão de bebidas à cereais e sorvetes, ora energizantes para os gamers online ou homeofficers.
Com tanta inovação, o futuro da nutrição tem uma conta cara no final e o preço destes produtos tende a restringir seu consumo aos consumidores lifestyles. Assim, deixando para a ávida massa precoce as inovações incrementais, com foco em redução de açúcar, sal e gordura, e adição de fibras e vitaminas – o que já é um começo!
Por outro lado, um olhar para o futuro dos saudáveis é trazer o seu verdadeiro DNA . Ou seja, um produto com o D, de Delicioso – os saudáveis são hoje desejados pelo sabor; com o N de Nutritivo – o investimento em ciência e novos ingredientes já é uma realidade na indústria brasileira; e com o A de Acessível – aí o bicho pega e será nossa próxima conquista.
Em síntese, empresas focadas no futuro irão ajudar a expandir globalmente a disponibilidade de produtos nutritivos e sustentáveis. além de saborosos, claro!